Novembro Azul: especialista da Universidade Castelo Branco fala sobre saúde masculina e os desafios do combate câncer de próstata

“Precisamos reforçar a cultura do cuidado preventivo, da consciência corporal e da busca por serviços médicos. Muitos homens evitam exames por acreditarem que não são necessários até que algum problema surja”, aponta Paula Louzada, enfermeira especializada em saúde masculina e coordenadora do curso de Enfermagem da UCB

No mês de novembro, o mundo celebra a campanha Novembro Azul, de conscientização sobre a prevenção e diagnóstico precoce do câncer de próstata, além de cuidados gerais com a saúde masculina. Cumprindo com o seu papel de responsabilidade social, a Universidade Castelo Branco promove diversas iniciativas voltadas para o tema durante todo o mês, como a Semana Acadêmica de Farmácia, com discussões sobre a importância do profissional farmacêutico de oncologia, além do podcast UCB In Foco, que trouxe um episódio especial falando sobre a saúde do homem.

Estimativas do Instituto Nacional do Câncer apontam para 71,73 mil novos casos deste tipo de neoplasia por ano durante todo o triênio 2023-2025. A doença é o segundo tipo de câncer mais comum entre os homens brasileiros, atrás apenas dos tumores de pele não melanoma, e o segundo com mais óbitos entre essa população. 

Como explicou a enfermeira especializada em saúde masculina e coordenadora do curso de Enfermagem da Universidade Castelo Branco, professora Paula Louzada, no UCB In Foco, o câncer de próstata ocorre quando as células dessa região crescem de forma anormal e formam um tumor, o que é causado por mutações no DNA devido a fatores ambientais e predisposição genética. Na fase inicial, pode não haver sintomas, que são mais comuns em estágios mais avançados e englobam: dificuldade e demora para começar e terminar a urinar, diminuição do jato urinário, sangue na urina e incontinência urinária. A doença é mais comum em homens acima dos 60 anos, e os fatores de risco incluem, além da idade, o histórico familiar de câncer de próstata antes da sexta década de vida, sobrepeso e obesidade e exposição a agentes químicos relacionados ao trabalho.

“A próstata é uma glândula unicamente masculina, localizada próximo à bexiga e ao reto, que produz uma secreção que compõe o fluido seminal. O que acontece é que essa glândula, com questões relacionadas principalmente ao envelhecimento, a partir dos 60 anos, sofre algumas alterações teciduais que não necessariamente significam um câncer, podendo ser ainda um outro tipo de doença, como a hiperplasia benigna prostática e a prostatite”, explica Louzada. “Por isso, é importante que os homens busquem serviços de saúde não apenas quando estão com algum problema, mas também de forma preventiva — os famosos check-ups —, pois quanto antes se identifica uma alteração e o que ela significa, maiores as chances de cura ou resolução com a menor quantidade possível de sequelas”, completa. 

Prevenção e diagnóstico precoce

A prevenção e o diagnóstico precoce do câncer de próstata envolvem dois exames principais: o PSA (Antígeno Prostático Específico), que mede o nível do antígeno prostático específico no sangue, e o toque retal, que permite ao médico avaliar características da próstata, como volume, textura e possíveis anomalias. Níveis elevados de PSA podem indicar alterações na próstata, embora nem sempre sejam um sinal especificamente de câncer, que pode ser complementado pelo toque para o rastreamento da neoplasia. A professora Paula Louzada aponta que apesar disso, esse exame ainda é tabu na sociedade. “Precisamos reforçar a cultura do cuidado preventivo, da consciência corporal e da busca por serviços médicos. Muitos homens evitam exames por acreditarem que não são necessários até que algum problema surja, além da questão cultural em torno da região íntima”. 

“A falta de hábitos preventivos entre os homens reflete-se em diagnósticos mais tardios, aumentando a gravidade dos casos. A campanha Novembro Azul busca exatamente essa conscientização: incentivar o cuidado contínuo, e não apenas curativo. A criação desse hábito desde a juventude é essencial, pois, assim como as meninas são incentivadas a visitar o ginecologista ao atingir a puberdade, os meninos também deveriam ser levados ao urologista para orientação e monitoramento preventivo”, reforça a professora.

Ampliando o cuidado com a saúde masculina

Embora o foco da campanha seja o câncer de próstata, ela contempla ainda outras doenças que também afetam os homens, como o câncer de mama, embora raro, o câncer de pênis e o de testículo. O cuidado com a higiene, a vacinação contra HPV e o acompanhamento médico regular ajudam a prevenir essas condições, explica Louzada. O histórico familiar e fatores como sobrepeso, sedentarismo e exposição a produtos químicos no trabalho elevam os riscos, evidenciando que a saúde masculina exige atenção integral e contínua.

“Ao longo da vida, podemos mudar muitas coisas: emprego, relacionamentos, mas não trocamos de corpo. Quanto antes começarmos a cuidar dele, maior será o tempo com qualidade de vida”, conclui a especialista.

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