Campanha global alerta para a prevenção de transtornos como ansiedade, depressão e burnout. Brasil ocupa o terceiro lugar num ranking de 64 países com o pior índice de saúde mental, atrás do Reino Unido e África do Sul
No primeiro mês do ano, o mundo celebra a campanha Janeiro Branco, que busca promover a conscientização sobre a relevância do cuidado com a saúde mental e emocional. Em território nacional, são muitos os casos de doenças decorrentes de situações de estresse, como ansiedade, depressão e burnout. O Brasil ocupa a terceira posição com o pior índice de saúde mental num ranking de 64 países, à frente apenas do Reino Unido e da África do Sul, e 11 pontos abaixo da média geral. Os dados são do relatório “The Mental State of the World in 2023” (O Estado Mental do Mundo), encomendado pela empresa de pesquisa sem fins lucrativos Sapiens Labs, que ressalta ainda as sequelas deixadas pela pandemia no bem-estar psíquico da população.
Na Universidade Castelo Branco, o tema é debatido em diversas frentes, incluindo aulas, palestras e demais iniciativas. Em entrevista ao podcast UCB In Foco, a psicóloga especializada em saúde mental Nara Michelin ressalta a importância do Janeiro Branco e a necessidade de buscar ajuda profissional. “A campanha é uma forma de alertar a sociedade sobre a importância da saúde mental e emocional. Quando se trata de saúde física, a dor funciona como um sinal de alerta. Mas, na saúde mental, muitas vezes, o problema só é percebido em estágios avançados. Precisamos nos atentar aos primeiros sinais, como irritabilidade, ansiedade e alterações comportamentais, e buscar ajuda o quanto antes”, explica.
Reconhecer os sintomas, no entanto, ainda é um desafio para muitos. Uma pesquisa do Instituto Cactus aponta que cerca de 68% dos brasileiros relatam sentir ansiedade, mas menos da metade busca atendimento profissional. Para os especialistas, o preconceito ainda é um dos maiores obstáculos no acesso ao cuidado. Segundo Michelin, embora tenha havido avanços, muitas pessoas ainda associam a psicoterapia a casos extremos. “A busca pelo autoconhecimento é essencial não apenas para tratar problemas já existentes, mas também para prevenir o agravamento de condições que podem interferir na qualidade de vida”, afirma.
Sinais de esgotamento e burnout
Coordenadora do curso de Enfermagem, Paula Louzada reforça que os sinais de esgotamento mental, como insônia, irritabilidade e falta de concentração, são alertas claros de que é hora de desacelerar. “O corpo dá sinais quando estamos próximos do limite. Ignorar esses alertas pode agravar a condição e impactar todas as áreas da vida, incluindo os relacionamentos e o desempenho no trabalho”, ressalta a professora de Enfermagem na Saúde Mental e Atenção Psicossocial. Louzada aponta que o burnout, reconhecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS) como resultado de estresse crônico no trabalho, tem sido um dos transtornos mais frequentes em atendimentos clínicos. As estatísticas dão respaldo à percepção: dados da Associação Nacional de Medicina do Trabalho (Anamt) apontam que aproximadamente 30% dos brasileiros são afetados pelo esgotamento profissional. Em 2023, quase 290 mil trabalhadores foram afastados de suas atividades devido a transtornos mentais e comportamentais — um aumento de 38% em relação ao ano anterior, de acordo com o Instituto Nacional do Seguro Social (INSS).
Para Paula Louzada, uma das formas de reduzir a incidência desse problema é por meio de gestões mais humanizadas nos ambientes corporativos e metas mais viáveis que não prejudiquem o bem-estar do trabalhador. “Um olhar respeitoso e cuidadoso para o colaborador, que é o bem mais valioso da empresa, é essencial para garantir que ele possa se cuidar”, aponta a professora.
O papel do autocuidado
Além do diagnóstico precoce, o autocuidado é apontado pelos especialistas como um dos pilares para a manutenção da saúde mental. Práticas como exercícios físicos regulares, alimentação equilibrada e momentos de lazer ajudam a aliviar o estresse e prevenir o agravamento de transtornos. No entanto, como destaca Michelin, esses cuidados devem ser associados ao acompanhamento profissional. “Janeiro Branco nos lembra da importância de cuidar da saúde mental, mas é fundamental buscar ajuda profissional sempre que necessário. Psicoterapia e, em alguns casos, intervenção médica são essenciais para restabelecer o equilíbrio e tratar condições que já impactam a vida do indivíduo”, reforça.
Compromisso com a saúde mental
Para quem busca atendimento psicológico, a Universidade Castelo Branco conta com o Serviço de Psicologia Aplicada (SPA), que oferta serviços a preços sociais para pessoas de diferentes idades, casais e famílias. Os atendimentos são realizados por estudantes dos últimos períodos do curso de Psicologia, com supervisão de professores. Os atendimentos são conduzidos por estudantes dos últimos períodos do curso de Psicologia, sob supervisão de professores experientes. Mais informações estão disponíveis no site do SPA, pelo telefone (21) 3216-7833 ou pelo WhatsApp (21) 98312-3647.